segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Um ensinamento sobre soluço.


Certa vez, enquanto colocava minha mochila no espaço do ônibus feito para bagagens de mão, ouvi um diálogo vindo da poltrona de trás.
Uma criança não parava de soluçar:

- Mãe… ic!
- Que é?
- Mãe… ic!
- Que foi?
- Mãe...ic! Me dá um susto? Ic!
- Um susto?
- É que ic! Faz tempo que tô salucindo.

Não consegui perceber se foi literalmente um puxão de orelha ou um tabefe, mas pela reação da criança, ela foi fisicamente punida de alguma forma:

- Aaaaaaiiiieeeee… ic!

O tom de voz da senhora, que até então transmitia impaciência, ficou raivoso:

- Ô analfabeto, não é salucindo que fala…

Comecei a pensar que não precisava nem de um safanão pra ensinar algo assim e, como um soluço quebrando uma frase, minha linha de pensamento foi interrompida pela conclusão da lição da senhora que, com a voz mais brava ainda, disse:

- É SALUÇÃNO, MENINO!

Não sei se surpresa é um tipo de susto, mas fiquei com soluço.

Ic!


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