Certa vez, enquanto colocava minha mochila no espaço do ônibus
feito para bagagens de mão, ouvi um diálogo vindo da poltrona de
trás.
Uma criança não
parava de soluçar:
- Mãe… ic!
- Que é?
- Mãe… ic!
- Que foi?
- Mãe...ic! Me dá
um susto? Ic!
- Um susto?
- É que ic! Faz
tempo que tô salucindo.
Não consegui
perceber se foi literalmente um puxão de orelha ou um tabefe, mas
pela reação da criança, ela foi fisicamente punida de alguma
forma:
- Aaaaaaiiiieeeee…
ic!
O tom de voz da
senhora, que até então transmitia impaciência, ficou raivoso:
- Ô analfabeto, não
é salucindo que fala…
Comecei a pensar que
não precisava nem de um safanão pra ensinar algo assim e, como um
soluço quebrando uma frase, minha linha de pensamento foi
interrompida pela conclusão da lição da senhora que, com a voz
mais brava ainda, disse:
- É SALUÇÃNO,
MENINO!
Não sei se surpresa
é um tipo de susto, mas fiquei com soluço.
Ic!
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